#VazaJato: Procuradores criticaram violações de Moro e ida para ministério

Novas conversas divulgadas pelo The Intercept, põem em cheque a atuação da operação Lava Jato

Novos trechos de conversas sobre a Lava Jato, foram divulgados na madrugada deste sábado (29) pelo site The Intercept. Nos diálogos entre procuradores do MPF (Ministério Público Federal) que integram a força-tarefa da operação Lava Jato, existem questionamentos da atuação do então juiz federal Sergio Moro e críticas sobre sua ida para o Ministério da Justiça.

Na conversa, em um grupo chamado BD, de 1º de novembro de 2018, um pouco antes de Moro anunciar ter aceito o convite para ser ministro de Jair Bolsonaro, a procuradora Monique Cheker, de São Paulo, diz que o então juiz “viola sempre o sistema acusatório e é tolerado por seus resultados”.

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Um dia antes (31/10/18), em um outro grupo, os procuradores discutiam a possibilidade do então juiz aceitar o convite de Bolsonaro. A procuradora Laura Tessler, (aquela que Moro sugeriu um treinamento, segundo conversas divulgadas anteriormente), se manifestou contra a aceitação.

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Ainda no dia 31, em um grupo chamado “winter is coming” (o inverno está chegando) a informação sobre o encontro de Moro com Bolsonaro no Rio de Janeiro, irritou procuradores.

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Seis dias depois, quando Moro anunciou que aceitaria chefiar o Ministério da Justiça, o procurador Deltan Dallagnol, que o defendia em outros grupos (segundo conversas divulgadas pelo The Intercept), disse, em chat privado com a procuradora Janice Ascari, que a ida para o governo de Jair Bolsonaro poderia criar “alegações de parcialidade” sobre a Lava Jato.

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Bolsonaro

Em diálogos sobre as eleições, integrantes da Lava Jato se preocuparam com o fato de a operação parecer favorável à candidatura de Jair Bolsonaro. Uma delas, Jerusa Viecili, chegou a questionar os colegas se não seria o caso de a força-tarefa emitir uma nota se posicionando.

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Na noite de 28 de outubro, logo após Bolsonaro ser eleito presidente da República, os procuradores se incomodaram com a comemoração da cônjuge de Moro, Rosangela, nas redes sociais.

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Este fato ainda foi citado em outra conversa de 1º de novembro, depois de o então juiz anunciar que aceitaria o cargo de Ministro. Monique Cheker afirma que ficará a impressão de que Moro fez uma “escadinha”, incluindo o fato de sua mulher ter feito “propaganda para Bolsonaro”.

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Ao site The Intercept, o porta-voz da força-tarefa da Lava Jato voltou a falar em ataque de hacker e disse que nada pode “constatar o contexto e a veracidade do conteúdo”.

“O trecho do material enviado à Força-Tarefa não permite constatar o contexto e a veracidade do conteúdo. Autoridades públicas foram alvo de ataques hacker criminoso, o que torna impossível aferir se houve edições no material alegadamente obtido. A Lava Jato é sustentada com base em provas robustas e em denúncias consistentes, analisadas e validadas por diferentes instâncias do Judiciário. Os integrantes da Força-Tarefa pautam suas ações pessoais e profissionais pela ética e pela legalidade”, afirmou.

Este é o 7º lote de conversas reportadas pelo site The Intercept. Desde a primeira reportagem divulgada em 9 de junho, Moro nega qualquer ilegalidade nas conversas. O MPF, por sua vez, diz que a Lava Jato é imparcial. Os 2 ainda atribuem o vazamento das conversas à ação de hackers.

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